Neste 26 de setembro, é celebrado o Dia Nacional da Pessoa Surda, uma data que reforça a importância da inclusão e da acessibilidade para milhões de brasileiros que enfrentam diariamente desafios ligados à deficiência auditiva. Para Vanda Witoto, candidata à vereadora de Manaus pela Rede Sustentabilidade, o tema tem um significado pessoal profundo. Sua irmã, Sandy Witoto, descobriu ser parcialmente surda já na fase adulta, um momento marcado por dificuldades, falta de suporte e o desconhecimento de como lidar com a nova realidade.
“Quando percebi a perda auditiva, fui procurar ajuda nos postos de saúde de Manaus, mas não obtive resposta para o meu problema. Não havia recursos disponíveis para a compra de um aparelho auditivo, e eu não sabia por onde começar”, conta Sandy. Além da barreira financeira, Sandy enfrentou obstáculos no mercado de trabalho e em sua vida cotidiana, onde a comunicação se tornava cada vez mais difícil.
No entanto, o impacto mais profundo veio ao descobrir que seu filho, Arthur, também possuía a mesma condição. “Ele não passou no teste da orelhinha quando nasceu, mas eu tive muita dificuldade em iniciar o tratamento dele. Faltava informação, faltava assistência. Por falta de recursos e de acesso à saúde, fui deixando isso para lá, sem saber o quanto isso iria afetar a vida dele”, desabafa Sandy.
Hoje, com 12 anos, Arthur enfrenta dificuldades na escola, principalmente devido à sua perda auditiva. “É muito difícil para mim, como mãe, ver meu filho com essas limitações. Se para mim, como adulta, é complicado lidar com isso, eu fico imaginando como deve ser para ele”, lamenta Sandy. “Meu maior desejo é que as escolas tenham salas específicas e profissionais capacitados para atender crianças com dificuldades de aprendizado por vários motivos, para que elas não sejam abandonadas à própria sorte.”
Essa realidade vivida por Sandy e Arthur reflete a falta de políticas públicas eficientes para atender pessoas com deficiência auditiva, tanto em termos de assistência médica quanto de inclusão educacional. Vanda Witoto, que conhece de perto essa luta, reforça seu compromisso com a criação de políticas que deem suporte às famílias e indivíduos que enfrentam essas dificuldades, garantindo acessibilidade e inclusão nas escolas, postos de saúde e outros serviços essenciais. “Tenho acompanhado a sua luta com o Arthur e eu como pedagoga acompanho também a luta de outras crianças, com outros desafios e não têm nenhum suporte por parte do Estado e do Município, para que elas tenham seus direitos garantidos. Existe uma Lei federal que torna obrigatório que essas crianças tenham monitores, para garantir a qualidade de vida dessas crianças. Essa Lei precisa ser aplicada de fato”, avaliou.
Para Vanda, há que se fazer uma renovação na Câmara Municipal de Manaus (CMM) para que as Leis sejam respeitadas e implementadas. “Nessa cidade de Manaus, os vereadores ricos votaram contra essas crianças, por que recusaram que fosse pautado na Câmara a garantia de as escolas contratarem pessoas para mediarem a educação das crianças nas escolas. É triste termos em espaços públicos Vereadores que deveriam garantir esses direitos para pessoas como você e meu sobrinho, e fazem exatamente ao contrário”, lamenta. “Eu quero ir para esse espaço para garantir esses direitos e olhar para essas crianças”, afirmou.
Neste Dia Nacional da Pessoa Surda, a história de Sandy e Arthur é um lembrete da urgência de promover mais visibilidade e direitos para a comunidade surda. O caminho para a inclusão é longo, mas com políticas adequadas e uma rede de apoio fortalecida, é possível construir uma sociedade mais justa e acessível para todos.